O mapeamento da violência contra as Mulheres kaiowá e Guarani é uma demanda da Grande Assembléia de Mulheres Kuñangue Aty Guasu, sendo realizado por nós mulheres deste povo. Aqui viemos abordar a violência que ocorre em territórios indígenas contra a vida das Mulheres indígenas localizadas no Cone Sul do estado de Mato Grosso Do Sul, centro oeste do Brasil. Trabalho a passos de formiguinha, mas construído coletivamente trazendo o olhar, o grito, a voz dessas mulheres indígenas Guarani e Kaiowá. Para que isso fosse possível, foi construída uma equipe de mulheres indígenas de várias regiões do estado, que compõe o conselho da Kuñangue Aty Guasu para que fosse realizado os levantamentos em suas comunidades.
Com a finalidade de desenvolver este trabalho de mapeamento violência contra mulheres indígenas kaiowá e Guarani, entrevista e visitação in loco às terras indígenas, áreas de retomadas. Durante as coletas de informações, ocorreram diversas violencia contra mulheres Guarani e kaiowá no cone sul, bem como tortura psicologica, violência fisica, preconceitos, humilhação, violência patrimonial, ameaças de mortes, assasinatos de lideres mulheres promovidas pelos seus maridos, namorados, pelo equipe de capitão, pela policias, pelas instuicões públicas e pela universidade.
O objetivo dessa pesquisa é registrar, dar visibilidade e tornar sofrimento em narrativa, e socializar as tantas várias violência sofridas pelas mulheres Guarani e Kaiowá no contexto atual. Para que sejam ouvidas e atendidas as demandas das mulheres indígenas Guarani e Kaiowá no Mato Grosso do Sul. A fim de continuar a descrição da violência praticada contra as mulheres Guarani e Kaiowa em curso, destacamos que o mapeamento continuará após a conclusão dessa primeira etapa. Seguirá identificando a sistematização de tipos de violência física e psicológica/mental contra as mulheres e situação das famílias vítimas de violências nas aldeias/Reservas e nas Terras Indígenas em situação de conflito.
A nossa luta infelizmente teve que seguir os moldes Karai, hoje temos que dialogar com o estado através de documentos, precisamos escrever na língua Karai. Dessa forma mapear e indexar um banco de dados específico das lutas das lideranças mulheres através de tecnologia apropriada, servirão de base para realização dos apoios às demandas das mulheres, e sobretudo para a realização de denúncias consistentes de violências contra as mulheres indígenas.
Ao longo do fim do ano de 2019 e início de 2020 aconteceu a visitação in loco, uma vez por semana, às aldeias/reservas e às terras indígenas reocupadas e em processo de litígio, Locais onde ocorreram diversos tipos de violências contra as mulheres. Nas terras retomadas ocorreram os ataques a estas famílias, juntamente com massacres, torturas e assassinatos das lideranças promovidos pelos jagunços contratados pelos fazendeiros.
Desse modo, foram realizadas as atividades/primeiros passos do mapeamento, que tem interesse em compreender e registrar as histórias, lutas e condições das mulheres e lideranças mulheres, levantamento de dados pessoais das famílias sofridas. Por fim, para atingir o objetivo do levantamento de violência contra as mulheres, ao longo de 1º semestre de 2020.
Serão realizadas pela equipe do levantamento as segundas e terceiras visitas já programadas (uma vez por semana) às aldeias e as Terras Indígenas em foco, no intuito de filmar, mapear e sistematizar a situação das mulheres e famílias vítimas de violências nas aldeias/Reservas e nas Terras Indígenas em situação de conflito.
As atividades programadas de consulta e acesso aos processos investigativos em andamento nos órgãos competentes, tais como Ministério Público Estadual, Federal e Justiça Estadual e Federal têm por objetivo acompanhar e mapear o atendimento às demandas, denúncias indígenas, bem como verificar as fases em que se encontram as investigações dos crimes cometidos contra as mulheres indígenas, sobretudo, em relação às demandas das suas famílias.
Durante a visitação in loco às terras indígenas em litígio, as lideranças femininas foram escutadas, suas demandas acolhidas e denúncias mais urgentes priorizadas e encaminhadas imediatamente às autoridades governamentais competentes e ao Ministério Público Federal para que fossem tomadas as devidas providências em caráter de urgência.
Por fim, através deste levantamento da situação das mulheres e famílias nas áreas indígenas, foram sugeridas também a realização de encontro ou reunião das mulheres vítimas de violência juntamente com as lideranças de Kunãngue Aty Guasu para debater os temas preocupantes e buscar soluções legais juntos aos órgãos competentes para que as demandas das mulheres indígenas Guarani e Kaiowá sejam socializadas, visibilizadas, divulgadas e por fim efetivadas.
Com esse mapeamento esperamos obter o mapeamento detalhado das condições, lutas e das justas demandas das mulheres e famílias de Terras Indígenas que estão registradas, divulgadas e apresentadas para autoridades competentes. Em atenção para as diversas demandas das mulheres indígenas “invisíveis” estão envolvidos os poderes públicos municipais, estaduais e federais, em parceria com os órgãos internacionais de direitos humanos e indígenas.
Os relatórios e dados sistematizados deverão gerar uma discussão, socialização ampla e reflexão profícua/construtiva sobre o avanço e a dificuldade na aplicação e efetivação de direitos das mulheres Guarani e Kaiowá.